As doenças inflamatórias intestinais (DII) são um grupo de doenças que se caracterizam por um processo inflamatório crônico do intestino, imunologicamente mediado. Seus principais representantes são a doença de Crohn (DC) e a retocolite ulcerativa inespecífica (RCUI).
O tratamento dessas doenças é individualizado, leva em conta o grau de inflamação, a extensão e localização precisa do processo inflamatório, além de características individuais de cada paciente, como por exemplo, a presença de outras doenças associadas.
Medicamentos imunossupressores e imunobiológicos são importantes opções de tratamento paras as DII. Dentre os biológicos, nós temos os anti-TNF (infliximabe, adalimumabe e certolizumabe pegol), anti-integrinas (vedolizumabe) e anti-interleucinas (ustequinumabe). Eles são medicamentos injetáveis que atuam bloqueando o processo inflamatório no intestino.
No início da pandemia de COVID-19, pouco se sabia sobre o vírus e tínhamos várias dúvidas sobre como seria a evolução dos pacientes com DII quando contraíssem o novo coronavírus. Havia uma suspeita de que esses pacientes poderiam apresentar quadros mais graves, e o temor era maior para os pacientes que faziam uso de imunossupressores e/ou biológicos (suspeitava-se que os medicamentos pudessem agravar a COVID). Tínhamos muitas dúvidas e poucas respostas. Como o tempo e com a evolução da pandemia, evidências científicas foram produzidas e algumas respostas surgiram.
Um estudo publicado no American Journal of Gastroenterology em outubro de 2020 investigou se os pacientes com DII estariam mais suscetíveis a contrair COVID-19 e se os medicamentos usados no tratamento das DII poderiam influenciar a gravidade da COVID-19. Os autores do estudo encontraram resultados semelhantes nos pacientes com DII e na população geral, ou seja, o risco de apresentar um quadro grave de COVID-19 era o mesmo, independente se o paciente tinha DII ou não. Outros estudos já chegaram a esses mesmos resultados.
Esse estudo também sugeriu um possível efeito positivo dos anti-TNF (melhor desfecho clínico na COVID-19). Ainda são necessários mais estudos para avaliar se diferentes imunobiológicos teriam efeitos diferentes nos pacientes com DII que contraem COVID-19.
Mas quando o assunto é COVID-19 ainda existem muitas perguntas sem resposta. O melhor a se fazer é manter o isolamento social sempre que possível e, em caso de sintomas, procurar atenção médica especializada.
Fonte: Epidemiology and Therapy Impact on COVID-19 Outcome in Patients with IBD. Am. J. Gastroenterol; 2020 Oct 01; 115 (10)1722-1724; A Papa, A Gasbarrini, A Tursi.
Dra Ana Carolina Benvindo Lopes
CRM-DF 17439 RQE 12872
Gastroenterologia